Luto Amoroso

No amor, há despedidas que não acaba no ato de partir. Há fins que não se realizam com simples palavras. Eles acontecem aos poucos, no olhar que muda, nos silêncios que crescem, na rotina que muda, no espaço que se ocupava, nos gestos que antes eram naturais e agora exigem esforço.

E mesmo quando a despedida já aconteceu, algo de nós continua ali, presente no que se desfez. O luto amoroso não se mede em tempo ou razão. Às vezes é discreto, quase invisível. Outras vezes, ocupa tudo.

Há dias em que a ausência pesa como se fosse chumbo. E há dias em que a lembrança toca sem pedir licença, como se fosse ontem. É atravessar um campo íntimo, onde sentimentos contraditórios convivem: alívio e tristeza, memória e vazio, amor e perda.

Para esse tipo de luto, não existe roteiro, cada mulher vive à sua maneira, seus planos e sonhos que não puderem continuar da mesma forma que foram carinhosamente pensados. Algumas silenciam. Outras tentam seguir como se nada tivesse sido abalado. Ou ainda, num gesto de coragem silenciosa, se permita olhar para tudo isso com muita dignidade.

A psicoterapia não apressa e não propõe atalhos, até porque eles não existem no mundo real. É um espaço onde a dor pode respirar. Onde o que não foi dito encontra lugar. Um lugar onde, pouco a pouco, o que era só vazio pode se transformar em sentido.

Se há algo em você que ainda insiste em permanecer, mesmo depois do fim, talvez seja um chamado sutil: não para apagar o que foi, mas para cuidar do amor que existe em você, independente de qualquer fim, pois os relacionamentos podem até acabar, mas o amor continua!